Nem todas as pessoas gostam de pegar na toalha de praia e dar um mergulho no mar. Contudo, muitas vezes, parece que não há alternativa para os planos de verão em família e, no final, quem decide são as crianças.
Com a chegada do bom tempo, propomo-lhes que suba com toda a sua família ao seu S-MAX ou Galaxy, por exemplo, e desfrute ao máximo de viagens inesquecíveis nas alturas e fora da areia. Estes dez percursos pedestres agradarão a miúdos e graúdos em igual medida, praticando exercício, aproveitando o sol, a beleza e a natureza. De norte a sul, este e oeste, a Ford apresenta-lhe os melhores percursos de montanha nas mais bonitas serras de Portugal e Espanha.
1- Parque Natural da Serra de Aracena
Situado a norte da província de Huelva, este parque natural dispõe de inúmeros percursos pedestres com vários graus de dificuldade. Se pretende um para toda a família, talvez o melhor seja a rota de Arroyomolinos de León, um caminho que serpenteia por entre os muros de pedra dos típicos pomares serranos. Este percurso tem cerca de 6 km de comprimento e corre entre romãzeiras, juncos e estevas passando por olivais, até chegar ao caminho da serra, a 700 metros de altitude, um lugar ideal para um piquenique primaveril. Daí de cima é possível contemplar várias quintas andaluzes. A duração média deste percurso são duas horas e meia, nas calmas.
2. Cascata de Asón
A quatro horas e meia de Madrid, em direção ao norte de Espanha, situa-se uma das rotas mais propícias para os miúdos: a Cascata do rio Asón. Este caminho que atravessa um bosque encantado acompanha todo o percurso do rio Asón até chegar à sua nascente, na comunidade cantábrica, que explode em forma de uma cascata conhecida como cailagua. A rota inicia-se na aldeia de Asón, onde podemos estacionar o nosso Ford sem nenhum problema, e tem uma distância de 7,5 km. Entre fetos e faias, o som da água acompanha os caminhantes do início ao fim e a luxuriante mata esconde os sinais do trilho a branco e amarelo, que apontarão a direção através de prados onde as crianças poderão observar diferentes animais. À exceção do último troço, um pouco mais rochoso, o caminho é fácil e termina com uma sublime visão da cascata, rodeada de infinitos tons verdes e do branco do degelo dos picos das montanhas.
3. Mata do Buçaco
Estamos na Mealhada, em Portugal, para percorrer um dos percursos pedestres mais belos da Península Ibérica: a Mata do Buçaco, também conhecida como “O Bosque Encantado”. A quase 600 metros de altitude, esta mata conta com uma interessante história que remonta ao século VI, quando a Ordem dos Carmelitas Descalços decidiu erguer um muro a toda a volta, deixando apenas três portas que faziam a ligação ao exterior, e que ainda existem hoje em dia. Os monges que viviam por detrás destes muros plantaram plantas e árvores de todo o tipo, inclusive tropicais, que sobreviveram no clima luso durante séculos. A mata conta com seis rotas diferentes que atravessam os principais recantos do bosque: desde ermidas a lagos, passando por portões, caminhos estreitos e fontes. No Buçaco, existe ainda um Museu Militar para que todos os visitantes possam mergulhar na história local, com especial destaque para a Batalha do Buçaco que teve lugar durante a Terceira Invasão Francesa.

Mata do Buçaco, Portugal
4. Caminho Natural de Villuercas
Esta rota nasce da união de dois caminhos: a Via Verde de La Jara e a Via Verde de Las Vegas de la Guadiana. O percurso apela tanto aos amantes da natureza como aos que têm uma tendência mais artístico-cultural, uma vez que passa por lugares como a La Lorera de la Trucha e o Mosteiro de Guadalupe, assim como pela maior concentração de pinturas rupestres da Extremadura. O percurso tem mais de 70 km de comprimento. Contudo, a nossa sugestão centra-se apenas na terceira etapa, que vai desde Collado Gaitanejos até Guadalupe.
Começando nesta localidade da província de Cáceres, o caminho serpenteia entre azinheiras, castanheiros e medronheiros, com uma subida suave que nos permite usufruir de uma vista excecional de Guadalupe e do seu famoso viaduto. Depois de descer até à rotunda de Navalmoral, o caminho continua entre a estrada de Guadalupe e o rio, até passar sob o enorme viaduto e chegar à área de descanso do arco velho. Atravessamos uma pequena ponte de pedra para chegar à outra margem do rio e continuamos o caminho a subir junto a pomares e olivais até chegarmos à entrada de Guadalupe, onde se pode visitar o famoso Mosteiro, que é Património Mundial da Humanidade.
5. Desfiladeiro do Ebro
É difícil dizer qual é a melhor de todas as maravilhas que rodeiam o rio com mais caudal de Espanha, mas o Desfiladeiro do Ebro é um dos percursos pedestres mais conhecidos e movimentados da região de Burgos, que tem a vantagem de passar por algumas aldeias de interesse histórico. Comprida mas fácil, esta rota conta com 18 km de distância tem início na aldeia de Valdelateja, onde há um parque de estacionamento para deixarmos o nosso Ford. O caminho começa numa ponte que cruza o rio Rudrón, depois atravessa diversas ruelas que sobem até à igreja da aldeia, passa por detrás desta e desenha um percurso simples e intuitivo até chegar a Pesquera de Ebro, no outro extremo do desfiladeiro. Ainda que seja um troço simples e confortável, a vegetação primaveril faz com que algumas partes do percurso sejam mais frondosas e, como tal, mais estreitas para o caminhante.
Já em Pesquera de Ebro, onde se pode parar para descansar e comer num dos vários estabelecimentos de restauração, o caminho continua por outra ponte sobre o rio e segue depois um trilho ascendente, pouco inclinado, até à terceira aldeia deste percurso: Cortiguera, uma localidade situada sobre a ladeira do próprio Desfiladeiro do Ebro. Após um passeio pelas ruas de Cortiguera e sempre com o desfiladeiro à direita, o caminho percorre mais 3 km, protegido do sol graças à frondosa vegetação. Um sinal indica o desvio que nos levará de volta a Valdelateja, não sem antes passarmos em frente ao Cerro del Siero e contemplar a Ermida de Santa Centola e Santa Elena, umas das mais antigas da província de Burgos.
6. Mata Nacional do Choupal
A cidade de Coimbra guarda um dos tesouros mais admirados e cantados nos fados e poemas lusos. A Mata Nacional do Choupal converteu-se no lugar de eleição dos amantes do desporto e da natureza. Aí é possível encontrar não apenas caminhantes, mas também corredores, ciclistas ou, até mesmo, cavaleiros. Junto ao rio Mondego, foram plantados diversos choupos no final do século XVIII numa tentativa de impedir as inundações provocadas pelo rio. A estes rapidamente se juntaram outras espécies de plantas e árvores como plátanos, eucaliptos e nogueiras. Provavelmente não é o lugar ideal para caminhantes experientes que procuram a adrenalina e desafios. Contudo, trata-se de um cenário de sonho para famílias que queiram passar um dia agradável no meio da natureza, passeando por caminhos que se perdem entre árvores e prados perfeitos para fazer um piquenique.

Ponte de madeira na Mata do Choupal, Portugal
7. Serra de Aitzgorri
A nossa lista de percursos pedestres alcança o pico mais alto com o monte guipuzcoano de Aitzgorri, a 1500 metros de altitude. O caminho tem início no santuário de Aránzazu, na localidade de Oñate, e segue a rota indicada como Urbia-Aitzgorri, que nos levará até às Campas de Urbia, uma grande extensão de prados onde está localizada a pequena ermida de Andra Mari. Um percurso bem assinalado leva-nos na direção noroeste até à ribeira de Urbia, perto da qual encontramos as cabanas de Arbelar. Depois de as atravessarmos, começamos a subir o monte Aitzgorri, também conhecido como Aizkorri. A rota está devidamente assinalada com a cor amarela, pelo que não corremos o risco de nos perdermos. Contudo, é recomendável estar em forma para poder subir a serra sem muitas dificuldades. O caminho vai contornando o pico de Aitzabal até chegar ao topo. Aí, ao pé de uma grande cruz e da ermida do Santo Cristo, podemos desfrutar de uma vista espetacular.
8. Fragas do Eume
Para os amantes da Galiza, temos uma rota maravilhosa pelo Parque Natural Fragas do Eume que, com uma área de 9126 hectares, é uma das matas atlânticas melhor conservadas da Europa. Existe um percurso clássico (11 km de extensão) que permite conhecer em duas horas e meia a paisagem que rodeia o rio Eume. Começando na bonita aldeia de Pontedeume, uma estrada guia o nosso Ford até às Fragas do Eume. Assim que chegamos à ponte de Santa Cristina, deixamos o carro para iniciar a nossa caminhada até ao Mosteiro de São João de Caaveiro. Construído em 934, é possível realizar visitas guiadas aos fins-de-semana e feriados, quer de manhã, quer de tarde. Depois de visitarmos o mosteiro, o moinho em ruínas e a fonte, a nossa rota cruza uma ponte de madeira que nos leva até à margem do rio. Caminhamos junto ao mesmo até cruzarmos uma segunda ponte que nos deixa num caminho estreito de pescadores, sinuoso, por vezes, rochoso, que seguimos sem grandes dificuldades até passar junto à ponte suspensa de Fornelos e, mais à frente, à ponte suspensa de Cal Grande, que nos leva de volta pela estrada até Caaveiro.
9. Ribeira do Mosteiro
Passamos do rio Eume para o rio Douro, no lado português, mais concretamente no Parque Natural do Douro Internacional. Uma das rotas mais atrativas percorre a Ribeira do Mosteiro, partindo desde a estrada que une as localidades de Barca de Alba e Freixo de Espada a Cinta. Numa esplanada onde podemos deixar o nosso Ford à vontade, um painel informativo de madeira indica-nos o caminho do Vale da Ribeira do Mosteiro. A partir deste ponto, seguimos a rota circular, devidamente assinalada como “circuito completo”. No início, os pomares de laranjeiras e amendoeiras são um autêntico regalo para a vista. Uma ponte de pedra cruza a Ribeira do Mosteiro até chegar ao caminho de Alpajares, que constitui o troço mais duro desta rota. Após atravessarmos uma segunda ponte, desta vez de madeira, tem início uma subida que proporciona umas vistas cada vez mais espetaculares e que nos leva até à Calçada de Santa Ana. Por esta calçada chegamos às ruínas de uma casa, que contornamos para começar a descer pela encosta. A descida termina numa pequena ponte de betão coberta de vegetação sobre a Ribeira do Mosteiro. Aí aproveitamos para visitar uma pequena e florida capela dedicada a um Cristo desconhecido e, depois, tomamos o caminho de regresso ao ponto de partida.
10. O Caminho do Rei
Terminamos esta lista de percursos pedestres com uma das rotas mais conhecidas entre os amantes da escalada e dos desportos ao ar livre: o Caminho do Rei, em Málaga, cujo nome tem origem numa visita que o Rei Alfonso XIII fez ao local em 1921. Esta rota é conhecida internacionalmente pelas perigosas passagens que no século passado causaram inúmeros acidentes, em muitos casos mortais. Por sorte para o leitor, o caminho foi restaurado após ter estado 15 anos encerrado e foi reaberto em março de 2015, com passagens muito mais seguras e agradáveis, mas tendo como pano de fundo o mesmo cenário espetacular. Contudo, não é um passeio recomendado para quem tem vertigens. No total, tem 7 km de extensão e, muito embora, seja possível seguir vários caminhos, são precisas 4 a 5 horas para concluir o percurso, consoante a velocidade e a forma física do caminhante.
Aproveitando a ocasião, vale a pena visitar a famosa Peña dos Namorados e o fantástico Museu del Trompo, na localidade de Antequera. Depois, para acabar em beleza, tem de degustar um dos mais famosos pratos da região: a porra antequerana, uma tradicional sopa fria.